domingo, 16 de agosto de 2009

FOI ORDEM DO GERENTE

São muitas as perguntas sem respostas que existem por aí. Mas, não há nada mais divertido do que fazê-las à criança, pois se a criança estiver preparada pra não responder "eu não sei", "porque sim" ou "porque não" certamente uma teoria fabulosa vai saltar de sua boca.
Mais do que divertido, o interessante é notar o quanto esses momentos de reflexões são importantes pro desen- volvimento da capacidade de reflexão da criança. A grande verdade é que muitas das perguntas sem respostas que existem por aí e por aqui, tem respostas. E isso é, na verdade, um paradoxo, certo?
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ERRADO!
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NENHUMA PERGUNTA NO MUNDO TEM RESPOSTA
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Nenhuma pergunta no mundo tem resposta até que venha alguém e a responda. Portanto prolongar o momento de apresentá-la é permitir ao nosso PLATINHO a possibilidade de tentar descobrir. E buscando, quem sabe, talvez não descubra algo de "novo"?
No vídeo "FOI ORDEM DO GERENTE" perguntei aos PLATINHOS "quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?". Em grupo, até chegarem a uma conclusão, os alunos levantaram 9 hipóteses diferentes. Inusitadas, engraçadas e pertinentes às suas realidades, as crianças aprenderam, refletiram e deram boas risadas. Tudo porque, ninguém sabia a resposta. Viva às perguntas!


Brinque de perguntas sem respostas com seus PLATINHOS em sala de aula e nos traga suas conclusões. Até o próximo post!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ROSA VERMELHA

Olá, PLATINHOS e PLATÕES do mundo contemporâneo.

Pra quem se despediu no último "post" (em 21 de maio de 2008) dizendo "Até a próxima quinzena!", acho que precisa de um bom argumento pra justificar porque a tal "próxima quinzena" demorou 8 meses pra chegar. Mas, não se preocupem, eu tenho um bom argumento. Vocês podem não acreditar nele, mas o tenho.
Eu estava numa aula de filosofia, com um dos meus grupos de PLATINHOS, quando o relógio parou. Não percebi que os ponteiros estavam parados e, como minha conversa com os
PLATINHOS estava efervescente e produtiva demais, nem tive tempo de olhar pro relógio durante esses oito meses. Ficamos lá... rindo, pensando, refletindo, questionando, criando e aprendendo um com outro. Só nos demos conta que nossa aula tinha que acabar, quando a diretora da escola bateu na porta e avisou que o Papai Noel já tinha chegado e que nossa aula ia ter que parar, pois as crianças tinham que tirar foto com o bom velhinho antes de entrarem em férias escolares. Alguns reclamaram, outros não acreditaram que já tinha se passado tanto tempo, mas, mesmo assim, tiveram que sair, em prol da racionalidade social.

Depois que saímos da sala comecei a reunir todo material produzido e registrado durante nosso longo encontro. O ponto de partida foi o último vídeo postado (SOBRE LARANJAS), na qual três PLATINHAS conversavam sobre qual a lógica que explica a laranja ser a única fruta que não tem um nome, já que a mesma recebe o nome de uma cor. O formato desse filme (que se passava na hora do recreio) me inspirou a criar uma série de episódios que batizei de "BOSQUE FILOSÓFICO". Nesta série de 20 episódios nossos PLATINHOS estão sempre refletindo e conversando sobre um determinado tema durante a hora do recreio. Todos os episódios se passam no bosque da escola, local onde, além de brincarem, fazem também a refeição mais divertida pra uma criança: o lanche da escola.


Em uma de minhas conversas com uma PLATINHA muito especial chamada Vitória, que não é vitória régia, mas sim Vitória Maria, a mesma me contou um pensamento muito interessante que tinha passado em sua cabeça tempos depois dela ter assistido "SOBRE LARANJAS". Ela me disse: "Se todas as flores têm um nome, porque só a rosa tem nome de cor?". Depois de pensar sobre isso, sentamos e falamos sobre quais seriam as soluções para essa questão. O resultado está no vídeo "ROSA VERMELHA", uma nova discussão na mesa do lanche de crianças na hora do recreio. Assista o vídeo, leve essas questões aos seus PLATINHOS em sala de aula e comente os resultado por aqui. Um grande abraço e até daqui 8 meses!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

SOBRE LARANJAS

Olá, PLATINHOS e PLATÕES do mundo contemporâneo.

Qual é a lógica que explica a laranja ser a única fruta que não tem um nome, já que a mesma recebe o nome de uma cor? Cor essa, que muitas vezes não condiz com o nome que lhe atribuem, já que existem laranjas amarelas e verdes também. O fato é que, mesmo encontrando uma explicação científica que se refere à origem do vocábulo, o que ninguém consegue explicar é o porquê de não se existir um nome pra cor e outro pra fruta, levando-se em conta que a banana é amarela por fora, amarelada por dentro, mas ninguém chama a banana de “amarela”, pois essa fruta tem um nome só dela. Mas, enfim, nada é perfeito...

Ops...

Peraí...se nada é perfeito, então por que a palavra "perfeito" existe? Seria um vocábulo inventado com o objetivo de fazer as pessoas dizerem que nada é perfeito. Será? Mas vocês acham que iam inventar uma palavra só pra dizermos que ela não existe?

Não sei a resposta. Mas o importante é levar pra nossa sala de aula questionamentos que mesmo não tendo resposta, possam fazer com que nosso PLATINHO reflita sobre o assunto e assim, passe a, dia-a-dia, exercitar a sua capacidade de reflexão, que é o que fará dele um adulto questionador ou no mínimo, um alguém que leia sua realidade com mais atenção. Além disso, o que temos que objetivar é outra coisa, como diz Matthew Lipman, mais importante do que aproximar as discussões filosóficas do cotidiano de crianças, é aproximar o processo educacional do “filosofar”, o que implica em buscar meios para transformar as salas de aula em pequenas comunidades de investigação.


No nosso vídeo dessa semana, vocês assistirão a uma conversa de três PLATINHAS, que entre outras coisas, procuram descobrir uma explicação para a origem do nome da laranja. E vocês, PLATÕES que atuam em sala de aula, levem esses questionamentos aos seus PLATINHOS e tragam relatos de suas experiências.

Um grande abraço! E até a próxima quinzena!

sábado, 3 de maio de 2008

Tudo sobre minha avó

Com que idade você descobriu e/ou teve a feliz surpresa que o seu aniversário caía sempre na mesma data do dia que você tinha nascido? Você achou uma super coincidência? Pois eu achei. E é por esse motivo que me divirto muito, hoje em dia, ao perguntar a uma criança aniversariante o porquê de toda aquela folia, bexigas, brigadeiros, beijinhos, palhaços, presentes, etc. O diálogo já é comum e descrevo aqui o último, nessa última semana:

- Oi, Isa, tudo bem? Por que essa festa toda?
- Porque hoje é o meu aniversário.
- E o que é “o seu aniversário”?
- É essa festa, ué.
- E como é que agente escolhe o dia do nosso aniversário?
- Não é agente que escolhe, é mãe da gente, ué.
- Mas por que sua mãe não escolheu amanhã?
- Porque amanhã é sábado, né, tio? A escola não abre.
- Ah, entendi!
De fato, foi a mãe dela que (não deliberadamente) escolheu esse dia pra seu aniversário, mas sei que não foi disso que ela estava falando. Eu disse “ah, entendi” porque não queria bancar o professor chato que fica fazendo um monte de perguntas no meio da festa, impedindo a PLATINHA de pular na cama elástica ou mergulhar na piscina de bolinhas, mas se meu diálogo pudesse continuar sem neuras, as próximas perguntas seriam “Então se a escola abrisse de sábado o seu aniversário seria amanhã? E por que não, ontem? E por que não, todo dia? A gente não pode fazer aniversário, duas vezes ao ano? Por quê? E por que a sua mãe sempre escolhe um dia de frio pra fazer seu aniversário?
Depois de tudo isso, talvez minha doce PLATINHA Isabella, tentaria descobrir com sua mãe o porquê de tudo aquilo e talvez descobrisse, por exemplo, o motivo pela qual as pessoas lhe dão parabéns nesse dia, mesmo que você não tenha tido nenhum mérito que merecesse tal congratulação.
Isso nos deve levar a refletir, que muitas vezes nossos PLATINHOS são capazes de explicar minuciosamente o porquê e a serventia de várias coisas, mas se você pedir a ela que conceitue, ela não saberá. Isso acontece com muitas outras coisas. Mesmo conosco, PLATÕES, que, por exemplo, não entendemos porque chamamos “lanche natural” de “lanche natural” se, na maioria das vezes, o pão utilizado é industrializado; ou ainda, porque diferenciamos “água com gás” de “água sem gás” desta forma, se a “água sem gás” tem oxigênio e hidrogênio, que são dois gases. Portanto a “água sem gás” nada mais é, do que um líqüido composto única e exclusivamente por gases, mas é chamada de “sem gás”.
Outro questionamento muito comum que costumo fazer aos meus PLATINHOS, é pedir que eles conceituem ou pelo menos digam “o que é avó?”(essa discussão é o tema do vídeo abaixo). É impressionante. Eles dominam totalmente o assunto, sabem o que as avós fazem, pra que elas servem, sabem da sua importância, mas não sabem dizer porque ela é chamada assim. Isso lhes parece muito complexo.

Proponho então, aos PLATÕES que atuam com PLATINHOS (em filosofia ou não), que levem esses questionamentos para a sala de aula e traga de volta relatos de suas experiências.

Fica a pergunta: Qual é o momento certo para levarmos o conceito de certas coisas tão comuns ao universo infantil, como o nosso aniversário ou o nome que se dá a mãe de nossa mãe, aos nossos PLATINHOS? E esse papel, é nosso ou é da família?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A PROCURA DE PLATINHOS

Quem foi Platão, senão o primeiro e maior seguidor do pai da filosofia, Sócrates? Para seguir os ensinamentos e reflexões de seu mestre, Platão nada fez além de FILOSOFAR e registrar tudo que já tivera estudado.
Por que é, então, que os amantes de filosofia adoram explanar teorias já debatidas por antigos e reconhecidos filósofos, em vez de filosofar com bases nessas tais teorias? Por que filósofos contemporâneos usam tanta linguagem rebuscada? É possível que o ato de filosofar tenha morrido junto ao nascimento do narcisismo de pseudo-filósofos contemporâneos? Por vezes, já me peguei pensando como se sentiria Kant ao freqüentar o 4º semestre de um curso de filosofia numa universidade, atualmente. Entraria em depressão. Justo ele, que dissera em uma das suas mais marcantes citações que “O estudante não deve aprender pensamentos, ele deve aprender a pensar. Nós não devemos transportá-lo, mas ajudá-lo, se quisermos que seja capaz de encontrar seu próprio caminho.”
Deixando de lado sermões e críticas ao modelo de filosofia atual, gostaria de apresentar o verdadeiro objetivo desse blog, que é discutir e refletir a postura de alunos e professores diante de escolas regulares que incluem a filosofia em sua grade curricular.
Sou cineasta, contador de histórias e professor de teatro e filosofia em escolas regulares, trabalhando basicamente com crianças. Embora sempre costume a dizer que essas quatro atividades sejam uma só, interligadas absolutamente para o bom funcionamento de cada uma, atuo individualmente em todas elas.
Mas, o que eu gostaria de compartilhar nesse blog, são experiências e situações vivenciadas em sala de aula com meus alunos de filosofia. Pois acredito que incitar o exercício de reflexão com os pequenos “PLATINHOS” deva ser um caminho “multi-unilateral” para o seu crescimento.


Ficam as perguntas: crianças já têm maturidade para filosofarem? Já têm discernimento para questionarem algo? É possível que questionem antes de um longo e contínuo exercício de reflexão?